segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CACHOS DE SONHOS

Nadavam de mãos dadas no meio do oceano aberto.
Em volta só as ondas do mar e o céu azul iluminado que se colavam no horizonte, que não se sabe bem onde, deixando de vestígio apenas uma linha sutil.
Do sol claro e flutuante, lá no alto, eu os via.
Na cabeça da menina suas lembranças de infância. Que quando criança via rostos nos carros e caminhões, bicicletas, motocicletas que moíam sua rua barulhenta e tremiam a porta de sua casa. Que via da sala, nos cachorros e cadelas, gatos e formigas o desenho de feições humanas, e adivinhava suas personalidades. Como ela seria se fosse um bicho assim? Se conseguisse sair de casa?...
De um lado o pai, do outro o irmão, como um time de remadores. À desproporção do peso, harmônicos. Como no nado sincronizado, nos musicais de hollywood.
Se parassem, não sobreviveriam. Mas só no movimento de seguir é que, na verdade, viviam.
A trilha sonora era a brisa do vento.
Cabeça pra fora da água salvava o corpo submerso. A cada fôlego se respirava vida.
Aquilo não chegaria ao fim sem uma intervenção divina. Mas podia acabar ali mesmo, pela  metade, à mínima desistência, a qualquer fraqueza humana.

2 comentários:

  1. Me deliciando mais uma vez com os seus textos, amor. Adorei, como sempre adoro tudo o que vc escreve!

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  2. mas bahh é deferente tche

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